Hello, creativity… where are you?

Uma matéria no New York Times de hoje, comentada pelo Blue Bus, chama a atenção para mais uma manifestação de algo que se tornou perigosamente comum no mercado publicitário mundial: o domínio cíclico de algumas palavras ou expressões.

A expressão da vez é Hello, usada com sucesso há algum tempo no “Hello, Moto” e em mais inúmeras campanhas. É uma expressão agradável, que fala diretamente ao público e tem inúmeros significados, dependendo da entonação e do resto do copy. Chama a atenção, é algo a que estamos condicionados a responder… Até operadora de celular brasileira encontrou na saudação uma solução ideal para se comunicar com seus prospects e clientes. Quer algo mais fofo do que aquelas criancinhas falando “oi!” no fim dos filmes?

Perfeito coringa, não? Sim, e é aí que mora o perigo para os criadores e planejadores.

24apple.jpgSe as campanhas da Avon, com seu “Hello Tomorrow” saudando o amanhã que já chegou para a beleza feminina, ou o simples “Hello” como forma de saudação ao telefone, da Apple para o IPhone, são completamente compreensíveis e efetivas, a contaminação e/ou simplificação de temas usando a saudação amigável já beira o ridículo.

Desde que a Apple usou um simpático hello manuscrito na tela de seu primeiro Macintosh, láááá em 1984, a idéia de um produto saudando seu potencial comprador se tornou cada vez mais pop. Isto pra não falar dos trocadalhos, como os da marca de gelatinas Jell-O e do shampoo Halo, da Colgate-Palmolive, nos anos 60.

Cada criador tem uma justificativa plausível para seu próprio olá. A Apple usou uma sensacional montagem de cenas de filmes e desenhos, em que personagens atendiam ao telefone desde os Flintstones até os Jetsons, para comunicar a chegada iminente do IPhone. A Lincoln Financial, seguradora americana, usa Hello Future, como forma de comunicar que o futuro está seguro e você já pode até saudá-lo.

Mas será que os planejadores – mais até do que os criadores – não deveriam ter sacado que esta fórmula está cansada? tão cansada a ponto de um veículo tradicionalmente lento em capturar tendências como o NYT ter dedicado uma matéria gigante a este respeito?

No Brasil o Hello Tomorrow da Avon virou “Viva o Amanhã”. Bela maneira de fugir do comum e comunicar exatamente a mesma coisa. E não é porquê eu estava lá na Soho/141 quando esta linha estava sendo adotada, não. Mas o planejamento ali conseguiu uma bela solução, municiando a criação e se saindo muito bem.

Quanto de Me too tem nesta tendência? quanto de falta de originalidade, de falta de ousadia? ou de comodismo?

24vodka.jpgDizer “Hello Delicious” para uma marca de vodka, como a Level faz em um belo anúncio, lembra mais uma cantada barata em um bar da Vila Madalena ou do Baixo Leblon, ali por volta das 3 da manhã, e que precede a famosa passada de mão nos cabelos da incauta mocinha que transita na frente do consumidor da dita vodka.

Hello, creativity… where are you?

One thought on “Hello, creativity… where are you?”

  1. Hello Jeff,

    Confesso que sou uma escrava do ‘hello’. Adoro, uso à beça, mas acho mesmo um excesso o uso que fazem da expressão na publicidade.

    O caso é que hello, é hello. O ‘oi’ não tem metade do impacto de um ‘hello’. Melhor ainda é o hello-ou. Ou, como eles dizem aqui, ‘acorda, cara!’.

    Seja como for, o segredo está em usar bem – não vou nem entrar no mérito de que esse é um conselho que vale para muita coisa -. E ainda bem que é assim, porque se todo mundo fosse bom, como é que a gente ia diferenciar nosso trabalho?

    Citando Sir Paul: hello, good-bye.

    Beijo,

    Mona

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