All posts by Jeff Paiva

Tá, e agora?

Mais uma repercussão do acordar da indústria da comunicação para a “nova era” digital: o Publisher da AdAge, Scott Donaton, coordenou uma das mesas de debate em Cannes com pesos pesados de agências, como Jeff Goodby (GS&P), David Droga (da hypada Droga5 e Daniel Morel, da CEO global da Wunderman.

A conclusão depois do debate entre estes fodôes do mercado? o buraco é mais embaixo. Depois de ficar todo mundo repetindo o mantra “quem não mudar vai se estrumbicar”, Donaton relata ter a impressão de que poucas pessoas já passaram para a fase “Mudamos assim e assado, fazemos assim agora, usamos isto”.

E os que passaram desta fase não abrem seus segredos de jeito maneira (o que é mais do que natural numa indústria que lida com o intangível). Mas até que ponto reinventar a roda a cada job, sem compartilhar guides e orientações, vale à pena?

Leia o artigo de Donaton e os seus comentários sobre esta questão.

Se lá fora está assim, imagina aqui? Quem tem coragem de dar o primeiro passo?

Mais reflexões

Uma das minhas paradas obrigatórias na ronda diária é o Michel Lent. Seu “Viu Isso?” sempre tem um insight importante, referências que pouca gente tem e textos inteligentes e relevantes.

Nesta segunda ele posta um texto do Sergio Mugnaini, diretor de criação da Almap. O tema, como não poderia deixar de ser, é o pós-Cannes e a constatação de que mudou tudo. Sou suspeito pra falar, pois acredito piamente nisto há muito tempo, mas é muito bom ver que muita gente boa está compartilhando estas opiniões.

Mugnani diz, entre outras coisas, que está mais do que na hora de “[…]ver a Crispin e a Goodby inovarem a cada campanha e querer descobrir como eles conseguem fazer aquilo […] De mostrar que não se ensina internet transformando uma equipe inteira de offline em “criadores” de peças online de uma hora para a outra. As pessoas devem aprender na prática do dia-a-dia dos jobs, integrando os departamentos e enriquecendo os negócios de seus clientes.”

Leia no Viu Isso, clicando aqui

Ondas de choque

Por toda a comunidade da comunicação, reverberam os resultados de Cannes que mostraram que os dinossauros da publicidade finalmente viram que seu próprio meteoro atingiu a Terra e os está levando à extinção.

AdAge, Blue Bus, blogs de profissionais, Meio & Mensagem, Folha de Piraricu do Sul… ninguém ficou impune aos resultados divulgados na França, mas ainda abundam teorias e tentativas de interpretação.

Vai ser interessante ver as referências cruzadas, os relatos de quem esteve em Cannes e quem acompanhou via internet – e teve uma compreensão até mais ampla de quem esteve in loco – sobre que rumo tomar. As conferências, segundo os posts, foram muito mais de constatação da mudança de direção do que de indicações de caminhos claros a seguir.

Os premiados, na maioria das vezes, já haviam sido dissecados em blogs e publicações de todo o globo. Cannes passou a ser ratificador ao invés de lançador de tendências.

E é bom o Brasil ficar esperto. Quem não se adaptar vai ter o mesmo destino dos Velociraptors e T. Rex: virará petróleo e vai acabar impulsionando a próxima geração dominante no planeta Comunicação… os Integrados.

Linha? Que linha?

No apagar das luzes na Croisette, uma verdade absoluta e muito conveniente (não deu pra resistir ao trocailho) emerge:

Finalmente o mundo publicitário tem uma mensagem clara do caminho a seguir… e ele passa pela integração e pelo redefinição do que é uma categoria, de onde passa a linha e, mais importante, se ainda existe alguma linha dividindo competências e feudos.

O exemplo mais claro disso é a premiação do filme Evolution, da Ogilvy para Dove. Nasceu como uma peça para internet, virou referência, teve mais visualizações que os comerciais do SuperBowl e acabou na TV por insistência do público. Resultado: ganhou prêmios tanto em Film quanto em Cyber e virou o símbolo do despertar.

Será que este despertar vai se traduzir em uma mudança concreta aqui no Bananão? Eu espero que sim, mas sinceramente ainda duvido. Os feudos ainda são arraigados demais, os pré-conceitos ainda imperam e na hora de aprovar um planejamento ou uma linha criativa.

Falta quem bata na mesa e responda ao cliente que sim, desta vez o foco não vai ser no filme de 30″ no JN nem nas páginas seqüenciais em Veja e na Folha, mas sim em uma campanha integrada, que leva a mensagem até onde o prospect está, que costura tanto a comunicação institucional quanto as ações de PDV e o marketing social.

Pelo menos, quando esses poucos guerreiros levantarem esta hipótese, terão uma trilhla sonora responsa por trás: o rugir de diversos leões!

Durante a semana vou colocar meus pitacos sobre as diversas categorias, além de relembrar os cases que foram comentados aqui antes e reconhecidos agora na Côte d’Azur.

Colocando em perspectiva

Depois do post sobre o Leão de Ouro para a Agency.com, alguns colegas perguntaram o que tinha de tão especial na ação pra valer um reconhecimento destes.

Reproduzo aqui o post que fiz para o Radinho, explicando o contexto e mostrando que, mais do que uma campanha utilizando uma nova mídia, a Agency deu a volta por cima e mostrou estar na linha de frente da inovação e da compreensão do que significa a tal (r)evolução digital.

On 6/19/07, Jeff Paiva wrote:
Os caras da Agency.com procuravam criativos de web…. pessoas com skills de desenvolvedores, conhecedores de web 2.0, programadores avançados. e precisavam dar uma polida na imagem da agência, desgastada depois do fiasco do “viral” que fizeram para tentar ganhar a conta da Subway e que virou motivo de chacota mundial.

E para isto usaram o Second Life para todo o processo de recrutamento, incluindo entrevistas e praticamente todas as etapas de contratação.

Além de recrutar pessoal especializado e que não teria condições de ir ao escritório da agência em Bruxels ou nas EUA, a divulgação da campanha resultou em mídia expontânea para a Agency.com

Além de despertar o interesse de prospects e clientes de outras áreas, usaram uma ferramenta simples e que falou diretamente com os potenciais funcionários. Lembrando o comentário sobre o outdoor binário, é como falar um código secreto que identifica a agência com os funcionários.

DEPOIS é que virão as soluções para o cliente e os consumidores dos produtos que estes fazem.

Às vezes os publicitários brasileiros acham que precisam reinventar a roda em toda campanha, em cada material de PDV, cada filme ou spot. E este Leão de Ouro mostra que, às vezes, usar bem o que já existe é tão eficiente quanto.

    Vamos entregar a caixa, antes de tentar pensar fora dela!

Golden Second Life

A grande gritaria em relação ao Second Life, principalmente entre os formadores de opinião do mercado de comunicação, é que o multiverso não alcança uma massa crítica suficiente para justificar investimentos. E quem o acessa hoje em dia é nerd ou tem uma super-máquina ou muito tempo livre e nenhum objetivo.

Verdade! E, como toda mídia nova, cresce se retro-alimentando e cria profissionais enquanto se desenvolve.

Um case de recrutamento de profissionais com talento e conhecimento de web 2.0 acaba de ganhar um Leão de Ouro de Direct em Cannes. Usando Second Life!

Como estes profissionais são disputados a tapa em todos os meios de contato, a Agency.com resolveu procurá-los dentro do metaverso, onde as “aves raras” da web 2.0 poderiam ser encontradas.

Foram mais de 50 entrevistas, em um universo de mais de 100 currículos altamente especializados. E os oito postos preenchidos por gente de muito talento e prontos para reinventar a Agency.com (de triste lembrança pelo pitch da conta de Subway, lembra?).

Que tal reconhecermos que as novas mídias chegaram pra ficar e serão utilizadas como meio, não só como fim?

Update: Coloquei mais em cima um comentário sobre o momento que a Agency.com atravessava e o desafio estratégico que os levou a uma abordagem diferenciada, embora de simples execução. Uma combinação matadora, na opinião deste escriba.

Correria

O blog anda meio abandonado devido à correria da semana.

Pitacos rápidos sobre o que o Wordsmith viu neste últimos dias e podem (ou não) virar posts mais elaborados:

* Novos caminhos estão sendo desbravados – ou simplesmente reconhecidos – pelas corporações aqui no Bananão. Aguardem para a semana pós-Cannes, em meio à choradeira por termos ficado com poucos prêmios, grandes empresas e agências finalmente flexionando os músculos digitais.

* Os eventos da quarta-feira deixaram muita gente com a pulga atrás da orelha… e no bom sentido, querendo se mexer. O MediaOn e o debate sobre as mulhers 2.0 levantaram questões interessantes.

* A cobertura do São Paulo Fashion Week escancarou de vez a divisão entre o que se considera(va) conteúdo mainstream e alternativo.

* Blogueiros pululam (uia!) na Bienal. Cada detalhe esquadrinhado, cada tendência ou cópia de coleção estrangeira devidamente comentada, repreendida ou simplesmente “wow”zada.

* Vááárias câmeras digitais e seus modeletes/antenadinhos/cool apresentadores gravando flashes e entrevistas em lounges e nos corredores. Metade disso vai aparecer em programas de tv a cabo ou especiais de patrocinadoes, mas grande parte vai cair na rede como videocast.

A vingança dos enganados

Como não poderia deixar de acontecer, nesta manhã ensolarada de terça-feira o âncora da BandNews, Ricardo Boechat, desceu a lenha na campanha da Citröen que inseriu um anúncio da possibilidade de colisão de um asteróide com a Terra como se fosse uma notícia válida na página do UOL e do Terra.

Justamente indignado, Boechat fez questão de reproduzir o comentário de ontem em que, num primeiro momento, lê a “notícia” e identifica algo de errado logo de cara. Depois volta a citar, desta vez identificando agência e anunciante, e deseja que “se um asteróide vier a cair mesmo na Terra, que caia na fábrica da Citröen – evidentemente sem os funcionários – mas com todos os diretores que aprovarama campanha lá dentro!”.


C’est vraiment la manière de la faire!

Quarta-feira lotada!

Tem dia em que tudo acontece ao mesmo tempo.

Na próxima quarta a agenda da cidade está completamente tomada de eventos independetes entre si, mas de muito interesse para várias comunidades diferentes.

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Este escriba estará pela manhã no Seminário da WGSM, que vai apresentar o direcionamento das tendências de moda e comunicação para o outono inverno 2008/2009, e que integra o calendário do São Paulo Fashion Week.

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De lá, voando para o Itaú Cultural, para assistir aos workshops do ótimo MediaOn, que vai debater o jornalismo on-line em vários aspectos, desde a geração de conteúdo às diversas formas de integração das mídias.

E à noite tem o lançamento da edição #9 da PIX, ótima revista digital, com um debate sobre as mulheres que estão sempre online, que terá a presença, entre outras, da Gisela Rao.

Tem que correr pra ficar up to date!

A pala* do Pallas

A notícia que toma conta das rodas de cafezinho e das listas de discussão nesta segunda é a ação teaser de lançamento do novo modelo da Citröen, o C4 Pallas. O Banco de Eventos resolveu aproveitar a coincidência do nome do modelo com um asteróide conhecido e preparou uma campanha à la “The Uncles”.

E se deu mal.

Ou bem…

A nota na página de notícias do Terra

Usaram um formato permitido pelos portais UOL e Terra, que é de veicular anúncios naquela janelinha dinâmica que apresenta os destaques. mas exageraram na dose de realidade, e muita gente entrou na dança. Até mesmo o âncora da Band News, Ricardo Boechat, que deu a notícia ao vivo no jornal da manhã, e depois desmentiu quando foi alertado que era uma campanha publicitária.

O que me deixa chateado é ver que, na hora que o circo pegou fogo, o UOL por exemplo tirou o corpo fora e publicou uma notícia tendenciosa, como se a agência tivesse enganado o veículo (no caso, o próprio UOL).

Vai dizer que, na hora da negociação, quando o mídia explicou o que eles queriam, o pessoal dos veículos não sacou que tinha potencial de buzz forte? E este formato do UOL não é novo, pois eu mesmo já vi vários anúncios se intrometendo no meio da rotação das notícias…

Pessoalmente, não concordo com a abordagem… achei de mal gosto e má executada. Mas o conceito é válido e uma negociação dessas nunca entra no ar sem o conhecimento dos veículos, nem fica pronta da noite pro dia.

Que tal assumir os riscos junto com os benefícios?


* Em Minas, “pala” é uma furada. Fulano deu pala demais = Fulano se deu mal, deu bobeira…